Pesquisa sobre o teletrabalho reflete apoio da categoria no RS e aponta problemas vivenciados no dia a dia
Em relação aos problemas, os impactos na saúde mental e física das trabalhadoras e dos trabalhadores foram os mais citados
De 10 de julho a 29 de agosto, o Sindppd/RS realizou uma pesquisa online junto à categoria no Rio Grande do Sul sobre o teletrabalho. O objetivo é ter uma leitura mais objetiva dos impactos da jornada de trabalho remoto, que foi implementada de forma generalizada durante a pandemia do COVID e se efetivou como uma realidade em muitas empresas da nossa categoria.
Recebemos 805 respostas de trabalhadores e de trabalhadoras sindicalizados e não sindicalizados, tanto de empresas públicas (69%) quanto do setor privado (32%). A base da TI (Tecnologia da Informação) no estado é formada por cerca de 11.700 pessoas. Segundo o cálculo do software utilizado para coletar as informações, SurveyMonkey, a amostragem necessária para representar nossa base é de 630, portanto as 805 respostas garantem a representatividade estatística dessa população.
Os trabalhadores e as trabalhadoras que responderam ao questionário deixaram evidente que apoiam o teletrabalho. É importante salientar que 64% das pessoas respondentes estão em trabalho híbrido. Cerca de 87% afirmaram que há mais aspectos positivos do que negativos. Numa questão aberta em que se solicitava que fossem escritos elementos positivos sobre o teletrabalho, apareceram deslocamento, concentração, produtividade, qualidade de vida, casa, trânsito, economia, família, conforto, alimentação, flexibilidade e segurança. Ou seja, vantagens decorrentes por não precisar se deslocar para o local de trabalho, e com isso tendo maior flexibilidade.
Importante registrar que os custos deste teletrabalho foram bancados pela maioria dos trabalhadores e das trabalhadoras, tanto no setor público quanto nas empresas do setor privado. 83% dos respondentes disseram já ter utilizado recursos financeiros próprios para garantir o seu teletrabalho.
Em relação aos impactos, destacam-se o aumento das horas trabalhadas (41% apontou este aumento), incômodo com a forma de monitoramento da jornada pela empresa (33% apresentou algum nível de incômodo com o monitoramento do seu trabalho) e problemas de saúde física e mental. Nessa parte, a pesquisa apresentou diferenças relevantes entre os colegas do setor privado e do setor público. 43% disseram ser chamados fora da jornada de trabalho ou ultrapassam seu limite de horas, sendo que na iniciativa privada é uma realidade para 52% e, nas empresas públicas, 38%.
Problemas de saúde mental foram registrados por 20% dos respondentes, e são ainda mais intensos para os trabalhadores do setor privado, com queixas de aumento de ansiedade chegando a 28% (gráfico abaixo).
O mesmo ocorreu com os problemas de saúde física, em que 22% dos trabalhadores apontaram dores nas costas e, 15%, dores no pescoço, sendo os mais atingidos os que trabalham nas empresas privadas. Outro dado que chamou a atenção foi o aumento excessivo de peso, que atingiu 15% das pessoas respondentes. As dores nas costas e no pescoço podem estar relacionadas com a estrutura de trabalho, já que mesa e cadeira foram os itens com pior avaliação pelas pessoas que responderam a pesquisa. Por sua vez, o aumento de peso provavelmente está ligado com o maior sedentarismo gerado pelo trabalho remoto (gráfico abaixo).
CLIQUE AQUI para acessar os resultados da pesquisa na íntegra
Os impactos negativos são mais sentidos pelos trabalhadores e trabalhadoras no setor privado
O aumento de horas trabalhadas e outros problemas decorrentes do teletrabalho foram mencionados com mais força entre as pessoas trabalhadoras das empresas privadas. Esse dado chamou a atenção e tem algumas explicações: não temos organização de base semelhantes às que existem nas empresas públicas, como as comissões de trabalhadores, que auxiliam o sindicato nas denúncias; e também a pressão pelo lucro a qualquer custo, que leva as empresas a fazerem mais pressão, inclusive fora do horário, ampliando ainda mais a jornada de trabalho.
Quem respondeu a pesquisa sobre o teletrabalho na TI do Rio Grande do Sul
A maioria das pessoas que responderam a pesquisa realizada pelo Sindppd/RS foram homens brancos entre 36 e 49 anos, da área de análise, desenvolvimento e manutenção de sistemas (aplicações e serviços). Embora o levantamento não tenha atingido a totalidade dos trabalhadores e das trabalhadoras, foi uma amostra considerável e, portanto, dá uma ideia da formação da categoria da Tecnologia da Informação do Rio Grande do Sul.
Do total de respondentes, 26% foram mulheres; 40% tinham idade entre 36 e 49 anos; e apenas 9% se identificou como pardo, 4% preto e 0,4% indígena. A maioria dos participantes afirmou morar com poucas pessoas – 74% mora com até outras duas pessoas. A relevância dessa pergunta se dá no contexto do teletrabalho, pois se houver muitas pessoas na casa, as condições de trabalho podem piorar caso não tenha infraestrutura para determinar um local laboral específico.
Em relação à organização sindical, praticamente a metade dos respondentes foram trabalhadores sindicalizados e trabalhadoras sindicalizadas, mostrando que o Sindppd/RS é atuante e representativo dos trabalhadores e das trabalhadoras da TI no RS. Mas queremos ser mais!
Sindppd/RS