Alcântara: autonomia total para americanos no Brasil

Alcântara: município localizado na costa do Maranhão e a apenas dois graus da linha do Equador. Nas fronteiras da Amazônia, a cidade de cerca de 22 mil habitantes abriga a Base de Alcântara que desde 1982 desloca famílias da região de suas terras para o lançamento de satélites.

Gerada com recursos brasileiros e com intuito de desenvolver um programa nacional para lançamento de mísseis, a Base de Alcântara em breve estará sob a tutela dos Estados Unidos. O país, detentor de 80% do mercado de lançamento de satélites do mundo, já acordou com o Brasil: toda a tecnologia que for desenvolvida em Alcântara sequer será informada. O americanos já estão certos do controle da área de 60 mil hectares do Centro de Lançamento de Satélites (CLA) – a Base de Alcântara.

Perto de se concretizar , a ocupação da área pelos Estados Unidos só precisa do aval da Câmara Federal devido às negociações já estarem em processo avançado. Em outubro de 2000, o governo FHC assinou um acordo com o governo dos Estados Unidos em que o governo norte-americano passaria a ter o controle total sobre a Base. Segundo o acordo, o governo brasileiro deverá manter disponível no Centro de Lançamento de Alcântara áreas restritas, onde apenas pessoas autorizadas pelo governo dos Estados Unidos podem entrar. Os brasileiros, inclusive os moradores da região, não poderão transitar pela área restrita à base sem a permissão expressa dos norte-americanos.

O acordo prevê ainda que os técnicos norte-americanos realizem inspeções, sem aviso prévio ao governo brasileiro, tanto nas áreas restritas como nas demais áreas reservadas para o lançamento de espaçonaves. Para inspecionar as áreas que achar necessário, o governo norte-americano tem total liberdade de instalar equipamentos de vigilância eletrônica.

O aluguel da base determina que os americanos não sejam revistados pela alfândega brasileira, entidade que controla todas as entradas e saídas do Brasil para o exterior. Os americanos terão direito a transportar qualquer material daqui para lá em contêineres lacrados com o conteúdo sequer imaginado pelos cidadãos do país.

Como se o desaforo não fosse pouco, o governo brasileiro ainda concordou em não utilizar os recursos provenientes do aluguel para adquirir, testar, desenvolver, produzir ou usar foguetes ou sistemas de veículos aéreos não-tripulados. E isso inclui o propósito fundamental da construção da Base, o projeto do veículo lançador de satélite (VLS), que mesmo sem êxito foi a “menina dos olhos” do programa espacial brasileiro.

Os 30 milhões dólares por ano arrecadados, segundo o contrato, somente devem ser utilizados no desenvolvimento e manutenção dos portos, aeroportos, linhas férreas e sistemas de comunicação que beneficiem o Centro de Lançamento de Alcântara. Ou seja, em equipamentos que serão utilizados pelo próprio governo americano em seu programa espacial. A tecnologia que estiver sendo desenvolvida em território brasileiro somente será conhecida pelos americanos. Alcântara mostra que a frase “O Brasil é o quintal dos americanos” está cada vez mais atual e pior: os brasileiros pensam que não tem nada a ver com isso.

Fonte: Carolina Coronel/ Imprensa Sindppd

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