Pesquisa do sindicato sobre os impactos da enchente no RS mostra um panorama importante sobre a TI

Pesquisa do sindicato sobre os impactos da enchente no RS mostra um panorama importante sobre a TI

Durante o mês de junho, o Sindppd/RS fez uma pesquisa virtual para saber de que forma as inundações e alagamentos que atingiram quase a totalidade do Rio Grande do Sul em maio afetaram as pessoas trabalhadoras da área da TI (Tecnologia da Informação) no estado. Os impactos materiais foram importantes, mas o dado mais significativo se refere aos impactos na saúde mental das pessoas trabalhadoras.

Acesse a pesquisa na íntegra AQUI

Um total de 635 pessoas atendeu ao chamado do sindicato e respondeu o levantamento. A maioria dos participantes foram pessoas do sexo masculino (69%), trabalhadoras de empresas públicas (36% da PROCERGS, 17% da Procempa e 15% do SERPRO), da área de análise/desenvolvimento e manutenção de sistemas (49%) e moradoras de Porto Alegre (64%). Mas o setor privado também teve uma participação importante, representando 30% dos respondentes (190 pessoas ao todo).

Pretendemos, com essa pesquisa, buscar junto às empresas que as mesmas tenham um cuidado especial com seu grupo de trabalhadores, tanto com apoio material, mas fundamentalmente garantindo um suporte psicológico pois, segundo a conclusão do levantamento, é uma ação importante a ser tomada. Também queremos subsidiar ações das organizações sociais que trabalham em pesquisas sobre os impactos das enchentes sobre a população.

Os dados revelam que a categoria foi bastante impactada. 81% das pessoas trabalhadoras que responderam à pesquisa moravam em regiões que foram atingidas pelas fortes chuvas. Quase dois terços dos participantes (63%) precisou se deslocar temporariamente com as inundações, com boa parte indo para casa de parentes e amigos na mesma cidade em que moravam (119 indivíduos) e para outras (105 respondentes).


Embora os danos materiais, tanto pessoais quanto de itens de trabalho, tenham ocorrido numa escala menor do que muitos gaúchos vivenciaram, as pessoas trabalhadoras da TI também enfrentaram os problemas que foram comuns nesse momento (deslocamento, falta de água, comida, eletricidade, internet). Das pessoas que responderam, 35% tiveram o entorno de sua residência atingido pela inundação; 16% a sua residência inundada; 10% disseram haver danos estruturais na residência; 11% perderam móveis/eletrodomésticos e 6% disseram ter tido danos em automóveis/motocicletas. 12% dos respondentes disseram ter tido perdas de equipamentos de trabalho, tanto móveis quanto outros, e 5% do computador em que trabalhavam.


Um terço das pessoas trabalhadoras atingidas pelas inundações e pelos alagamentos disseram ter recebido alguma forma de assistência da empresa em que trabalham (36%). Desses, o maior percentual foi registrado entre as pessoas trabalhadoras do setor privado, com 57% tendo dito que recebeu ajuda da empresa. Entre as públicas, dos que afirmaram receber algum apoio da empresa, 49% trabalha no SERPRO, 27% na Procergs, 20% na DATAPREV e 10% na Procempa, confirmando as informações que já tínhamos colhido de que o SERPRO foi a empresa pública que mais ajudou as pessoas trabalhadoras atingidas. Ainda sobre essa questão, 16% do total dos respondentes disse ter recebido alguma ajuda da sociedade civil e 14% do governo.


CUIDADO COM A SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES E DAS TRABALHADORAS DA TI


Uma informação que precisa ser destacada vem da área da saúde: a parte mental das pessoas trabalhadoras está bastante afetada (58%), o que já é esperado pelo episódio ser traumático em diversos níveis. Os trabalhadores do setor privado, dos quais 73% afirmaram terem sido impactados na saúde mental, e as mulheres (com 68%) ressaltaram essa questão na pesquisa.


É positivo observar que não há negacionismo climático entre os respondentes, e que o tema é tido como algo relevante pela categoria. A quase totalidade dos respondentes disseram que as mudanças climáticas foram muito importante (77%) ou importante (18%) para explicar as inundações no estado. Apenas 3% disseram ser pouco importante e 2% não haver relação entre mudanças climáticas e as inundações.



A RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO EM RELAÇÃO AOS IMPACTOS DA TRAGÉDIA AMBIENTAL

Em relação às medidas que os respondentes acreditam que deveriam ter sido tomadas pelo poder público para reduzir os impactos negativos destes eventos, 91% disseram que deveria ter tido uma “melhoria de sistemas de escoamento de águas pluviais”, 80% o “fortalecimento de áreas de absorção”, 79% o “desenvolvimento de planos de emergência para inundações” e 61% “melhoria nos sistemas de alerta para chuvas e inundações”.

Essa percepção das pessoas converge com a análise de geólogos, ambientalistas e engenheiros de importantes universidades públicas e privadas do nosso estado. É fundamental, também, a responsabilização dos governos e agentes públicos que não tomaram medidas preventivas, mesmo após as experiências traumáticas vivenciadas por duas vezes no ano passado com enchentes menores que a de maio 2024. Mas mais do que isso, é preciso reconhecer que vivemos, no mundo, uma emergência climática, e que devemos e precisamos nos preparar, para outros eventos, com serviços públicos e com proteção à altura desse novo momento.

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